quarta-feira, 27 de junho de 2007

Escrevendo, para não morrer







J.G. de Araújo Jorge




Estou escrevendo para não gritar.
Para não acordar os que dormem felizes lado a lado, os que repousam, aconchegados, os que se encontram e continuam juntos e não precisam sonhar porque não dizem adeus...Estou escrevendo para não gritar.
Para enfunar o coração ao largo.E as palavras escorrem salgadas
como um córrego de[águas mortas num silencioso pranto.Tão perto, e nem percebes minha insônia.
Nem ouves [a confidência que põe nódoas
no papel para não ter que acordar-te e se transmuda em palavras,
que são estátuas de sal.
Estou escrevendo para não gritar.
Para não ter tempo [de acompanhar a noite,para não perceber que estou só,
irremediavelmente só, e que te trago comigo sem outra alternativa que o pensamento- cela em que me debato a olhar a lua entre grades.
Estou escrevendo para não gritar.
Para não perturbar [os que se amam se juntam,
e se estreitam, e sussurram na sombrae passeiam ao luar,para que as palavras chovam num dilúvio, silenciosamente, e me alaguem, e me afoguem,
e me deixem pela noite a dentro como um corpo sem vida e sem alma, a flutuar...
http://www.saborosamidis.com.br/midis/latinas1/obsesion_der_amor.mid

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