sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Afinidade…(Arthur da Távola)



A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil,delicado e penetrante dos sentimentos....É o mais independente.
Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos,as distâncias, as impossibilidades.Quando há afinidade,qualquer reencontro retoma a relação,o diálogo, a conversa,o afeto no exato ponto em que foi interrompido
Afinidade é não haver tempo mediando a vida.É uma vitória do adivinhado sobre o real.Do subjetivo para o objetivo.Do permanente sobre o passageiro.Do básico sobre o superficial.
Ter afinidade é muito raro.Mas quando existenão precisa de códigos verbais para se manifestar.Existia antes do conhecimento,irradia durante e permanecedepois que as pessoas deixaram de estar juntas.O que você tem dificuldade de expressar a um não afim,sai simples e claro diante de alguém com quem você tem afinidade.
Afinidade é ficar longe pensando parecidoa respeito dos mesmos fatos que impressionam,comovem ou mobilizam.É ficar conversando sem trocar palavras.É receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento.
Afinidade é sentir com, nem sentir contra,nem sentir para, nem sentir por, nem sentir pelo.Quanta gente ama loucamente,mas sente contra o ser amado.Quantos amam e sentem para o ser amado,não para eles próprios.
Sentir com é não ter necessidade de explicaro que está sentindo.É olhar e perceber.É mais calar do que falar, ou, quando é falar,jamais explicar: apenas afirmar.
Afinidade é jamais sentir por.Quem sente por, confunde afinidade com masoquismo.Mas quem sente com, avalia sem se contaminar.Compreende sem ocupar o lugar do outro.Aceita para poder questionar.Quem não tem afinidade, questiona por não aceitar.
Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças.É conversar no silêncio, tanto nas possibilidades exercidasquanto das impossibilidade vividas.
Afinidade é retomar a relação no ponto em que parousem lamentar o tempo de separação.Porque tempo e separação nunca existiram.Foram apenas oportunidades dadas (tiradas) pela vida,para que a maturação comum pudesse se dar.E para que cada pessoa pudesse e possa ser,cada vez mais a expressão do outrosob a forma ampliada do eu individual aprimorado.

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